pesquisa em residência artística ano III

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Labirinto de Frida

ó claro

amanhecer 

neblina manhã


ó noite

esmaecer

sol descida


ó tempo 

senhor de si 

sabe como vêm


foridade tu 

cola qua meço 

imitativo

campana

quando se diz lados de um nome

um deve entender esfera


isto porque tangos

porque forças marcam


eis a fôrma, faz-se

porque tangos marcam


quando a esfera pede esfericidade

jorra-se da luz


NAÏF

um apelo formal

a forma fala da matéria

juntação iconográfica

aração náutica

rumo à bela ideia

Lab Curial

Ensaio canção: eis a petição genética

do podcast Lab Curial. Torce a vontade

de ter donde falar como – em transe – 

de aquietá-la no canto. Cede a sala

a Experiência Estética do objeto de arte. 

Ora criação, nós na torcida; ora adoção,

torceu por nós. 


soundcloud.com/casarosaguapa

primavera em norma culta

nem uma pétala bruta

botão nenhum sem quieta

resoluta curva aérea


cantos riam duplicados

na ida e na vinda névoa

frutifique dissipada


nem fuja do aro a casa

rosa de comida boa


ares em aromas, grados

fresca mane sua água

  

no compensation is possible – copos azuis

Acontecer figurará acima e ao meio a abertura do mapa, traço cujo sulco apenas casualmente não fará nova, sintética e constelar runa em usança. Atraem-se conforme se aproximam, sem ética que não tipológica, sem passado que não topográfico, sem humanidade pré-geômetra. Abstrair, alfândega sensual parturiente, contemporiza finge dígito ao mínimo que antecipa. Ver mural formalístico linguístico humanístico ante contração digital dúbio-ternária, difusão apenas, e de pontualidade apenas, conosco ofertório da matéria lida. 


Copo aberto à ponta-firma do timbre peregrino, filologia emergente naquele sul sem fonte, cabo de suel carregando outra estima. Refratário, sua persistência linhas, avatares cartoriais do ofício, enreda a minúcia, já não ele, donde stanza regional simbolista versus tez bestial da termodinâmica, fecundo problema, chove-não-molha – donde o grau de raiz. Até quando, os artistas parecem dizer, tropeçaremos? Hirtos, dividiriam trago epistolar e fetiche, defesa cincada e convidativa; muralhas a valer, dariam antes passos pela aldeia elevada. Esperam, hoje, porque compuseram mentalmente a avatarística metabólica da emergência ergonômica (Pallas), mas isto a que esperam, custa pouco e muito calor dizer, brota da água. Curvas outras de capins, longe, levadas graças às inclinações dos capins retíssimas vagalumes: 


cabo de suel carregando outra estima. Outra inerentemente porque o alter Objeto constitui-nos protoolers. Logo, reduzo ontogenicamente Movimento; em fibras braçadas pragmáticas contraio para reduzir discurso; dedos frente a frente noite escolar e raio galáctico numinoso sorte deste sítio baralham; neste adensar manejaria o timbre vela e índole do vento; este vento modificado sopra à frente e nas poeiras passos pela décima vez ali ou novos já se animam; praticamente chegaram na nota maiêutica da mandala percorrida. Que todos nos espelhemos para realizar, então, arte sacral. Pirilampos da barreira, florilégios do pensar: a ferida ao curar-se criaria nova pele, seda em tecitura de carne e pedra, mapa esferográfico de pelos ou poeira do ar em tátil cântico, atmosférico.

Weakness made it happen – Trace: transactional aesthetics

Dentro, algo que estava por trás; por fora, a multicolorida e caótica fronde estala o ponto cuja onda – mas por quê? – lembra. Porque partem seminais à união fraterna do manejo, colhem água, diligentes, alças de maior balanço. As partes farão, reforço honrado, intacta imagem do todo: digno, cabível, Narciso apanhado esbatido, feito fisco, colecionador, fruta fresca na cabeça do palito. Riscada a linha, a face agora sina torcerá por que não tem: vermelho, por exemplo, a orar... por ares de milho verde.


Nostalgia enche de marcas e elas puxam a si o deslize untuoso e numinoso, têxtil, do pesar; um pêndulo mecânico marca, do mar, marmóreo tear e continente, intercaladas – prior da Vaga – fibras & corrente-onda, grafia agora pés daquele dia porque sinta, hoste célebre da cria, fingido Meu, da Curva Fria ao Vinco, classe estampa d'informática, ecoando, na volta, no logro de transbordo e passo outro desta loja, vezo de paiol na sacaria. Depois, um preço na balança e gire a Terra, indiscernível, a tratadística plástica das montas.


Nutre-se pois, o espírito da história, do passo cujo albergue ainda tange; feraz a bruta sola do passante, corado pão (um para cada peão), lustrosa a esferográfica da tática – eis em percalços o almoxarifado. Nos alvos da planilha pastoreiam avô de um, avó de outra, o pai do andarilho filho, de  poeta ou professor pastoreiam thinkfluencer prosumer e o mind-up comic, irmão de quem diremos: entrasse novamente em minha casa, tabuleiro recheado, sulco da razão; de mais ampliada razão, mais pouso, e a casa era dele ou com ele; agora éramos lá, ele ombroso, saudoso, alcunha tamborilando por tangos se dóceis entre a força e o fraco da Onça, fome suscetível, que vibra, da rés tamanduá, da voz antiga.

Babel – Non-orientable Nkansa

O problema de receber Babel depois de Non-orientable Nkansa passa por testarmos a força de provadas alterações, como será costume entre nós reler diferentemente Castro Alves uma vez Cruz e Sousa lido. O útil da vivacidade fria do objeto brasileiro, se quisermos apensar à lição um caso* clariciano, teria tal e qual a inopinada sorte d'A maçã no escuro, cujo acuponto bondes torcerá, além de passageiros, uma vez lido seu póstero, A hora da estrela. Não que a obstrutiva conjunção ganense tire de Martin poder saber a beleza emulsiva das partes-tipo, como parece nostálgico a ele no romance de câmara, não que a terra afastada de nós, mesmo ela, se refaça quando sei partir, sem pena onde guardar sob ondas nossa fuga – o dom, imersa sonda, lembra o fundo dos tijolos do templo. Areias do tempo, massa sombreada, opressão; até onde iremos para relativizar a dor, eremitério do homem, estática do múltiplo, metempsicose penetrante, essência da razão?


De aspecto solitário, o totem passará a solidário; não só não se nos mura, como deixa contornar-se e abraça em cheio – Ondas, nêmesis de Gavetas – o tato auditivo em tessitura real e materialmente valiosa. A cada vez que o coração dum visitante bate com Babel à frente a estática elementar do 'programa' museológico se duas vezes torce; alcança gravar, no breu pátrio da experiência, nutrindo-se domínio o indiscernível múltiplo, fazendo cômoda a carga formal flanante. Nem atento, nem parado, simula o declínio do manejo da língua e do desespero do todo enquanto recruta, cada passo, avivado grau táctil, que busca o sutil mas grassa e rende do sincrônico. 


Cruzar o espectro e visitar o ocre Non-orientable Nkansa cederá empuxo ao acolhimento desenganado da torre. Quando das gavetas hoje desengavetadas, imensa tranca de trancas, precária e próxima da micro-história dos passos que, um pouquinho todos os dias, fizeram-se mais ágeis e seguros, imagem quem sabe humilhante do fim do caminho – cera de afônica fuga –, voltarmos, tendo sido prosaicos gravadores do mudo e da íntima pétala em queda, sonho enternecido de um botão, à sala azul escura, este outro mundo a nós será pronúncia: escuta-se aqui o sonho da floração.


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* Conferir Apostilhaverelias (Prensa Casarosa, 2024).


fontes___________

A série analítica 'justaposições afrolatinas' aproxima e interpreta trabalhos apresentados em 'Latin american artists: from 1785 to now' e 'African artists: from 1882 to now', da Phaidon Press.

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