
As redes repercutiram "brecha cósmica", da psicóloga e autora em seu programa de entrevista, "acessível", do influenciador e autor em entrevista à jornalista, e a nós resta emendar, a partir das idas e vindas impactantes dos conteúdos, tais oportunidades às limitações do filósofo e autor em entrevista à psicóloga.
Desde essas últimas, vão perdendo força as impressões do absurdo como vai retomando praça o otimismo. Seu estilo, erudito e social-democrata, parece perder fio justo quando a resistência iluminada da razão daria de ombros à pimenta nos olhos dos outros, isto é, quando a economia não se pejaria em explicar a estruturariedade da desigualdade se esta se quiser eminentemente social. Porque perde autoria da explicação, careceria de uma adaptação, um micro-conduíte, ainda em ponto-cego no esquema doutrinal do filósofo.
O sintoma, portanto, a psicóloga acertará sem querer quando sugere, noutro contexto, a inescapabilidade da brecha cósmica. Isto é, o motor da falta. Faltará. Mas faltará o que nos premiará sem dor?
Diferença constitutiva do pensamento formal, a errância original servirá, até um estimulante ponto-de-virada no grande roteiro, de mote da atração. O movimento, expansivo, contrai-se porque lembra da origem a unidade, desde o nascimento sua, mas sente lembrar, agora que quase aconteceu de novo, dela inteira e de mais um bocadinho: a soma fortuita da errância que tornaria complexa, além de magnética, a atração.
Melhor que brecha, penso na continuidade poética do torno, do giro, da micro-articulação imaginativa e da torção agora necessária entre o extremosamente pequeno e como dissemos nostálgico quanta e este seu talvez último apelo eu também nasci eu também não à toa procuro ela a imortal origem e tanto e tanto digo para quem não fará maiores diferenças por-se em por-me, digno vazio, ontológico e plenamente numerário.
Daí que diria relevante o abaulamento ilusório do acessível desde que enfatizasse o influenciador a sua própria torção, que de quântica se faz subjetiva como hipótese, como fé, como conforto.
Pode sua fala, tomada simplesmente, atrair um público em quem aquele título não baterá? De que serve à internet, portanto, a qualidade acessível quando acessibilidade é construção delicada do manejo poético da leitura e de sua análise em massa lida?
A sensação de impropriedade que estofa a dica cultural guarda um amargo que pouco resiste à aproximação ao amargo que sente a estafa da justiça quando vê, da dura contingência, o filósofo a situação. É que não torcer o plano da linguagem, no caso da sempre urgente injustiça, levaria o pensar ao absurdo.
O que responde a inteligência ao encontro mais ou menos artificial aqui recriado, sem que percamos o fio-da-meada – diferença do Brasil, diferença dos livros –, sem que dificulte o economês a presunçosa evocação da ecologia, parece propor, um, que a dor a que se refere a descrição econômica (precarização, exploração, informalidades) será a cada vez curada se eu puder trazer o código de sua aparição ao processamento expressivo de uma consciência estética obrigada à idiomática da consciência histórica, isto é, se interpretar artisticamente o que vejo posso fortalecer minha-nossas falas; 2) para não estacar portanto naquelas arrefecidas impressões do absurdo, a torção mais confortável trará testando, nos lugares-comuns da microeconomia formal, as metonímias ergonômicas da eficácia e do bom sucesso.
Ambas terapráticas portanto urgentes e tradicionais mas não será estranho notá-las dormentes e ignoradas.
Fazer o exercício, um, da constante aplicação do juízo (no sentido de uma paranóia administrável mas geral e infatigável) a partir da reflexão do manejo que navegará a sombra do código tirando dele o tango a luz sempre informativa e, dois, dos dilemas da experiência mais ou menos vitoriosa do consumo em marca primeiro discreta de sua consequência em dado ergonômico (falo bem do custo desta e desta oportunidade se ora assim e assim incorporadas dizem por mim em mim sem fechar portas ou me dar por satisfeito?), e só então, como dissemos, e a partir da reflexão do manejo, na maneira imiscuída das boas histórias.
O esperado, aí, faz imaginar a aplicação quer da contração judicativa, quer da tradução ergo-econômica dos bons sucessos expandida a vidas outras, vidas maiores, maiores e mais complicadas da chance que vive a impregnar-nos.

não deixo entrar
senão interpolada
luz, materialidade

a landscape full of trees
um horizonte cheio de árvores
água em cheios rios
peixes ao fundo
pássaros abocanhando
onça protetora
preguiça em galho
tamanduá com língua de saúva
aqui
cachorro uivando
lobo subindo montanha
coelho emburacando

ó claro
amanhecer
neblina manhã
ó noite
esmaecer
sol descida
ó tempo
senhor de si
sabe como vêm
foridade tu
cola qua meço
imitativo

quando se diz lados de um nome
um deve entender esfera
isto porque tangos
porque forças marcam
eis a fôrma, faz-se
porque tangos marcam
quando a esfera pede esfericidade
jorra-se da luz

um apelo formal
a forma fala da matéria
juntação iconográfica
aração náutica
rumo à bela ideia

Ensaio canção: eis a petição genética
do podcast Lab Curial. Torce a vontade
de ter donde falar como – em transe –
de aquietá-la no canto. Cede a sala
a Experiência Estética do objeto de arte.
Ora criação, nós na torcida; ora adoção,
torceu por nós.

nem uma pétala bruta
botão nenhum sem quieta
resoluta curva aérea
cantos riam duplicados
na ida e na vinda névoa
frutifique dissipada
nem fuja do aro a casa
rosa de comida boa
ares em aromas, grados
fresca mane sua água

Acontecer figurará acima e ao meio a abertura do mapa, traço cujo sulco apenas casualmente não fará nova, sintética e constelar runa em usança. Atraem-se conforme se aproximam, sem ética que não tipológica, sem passado que não topográfico, sem humanidade pré-geômetra. Abstrair, alfândega sensual parturiente, contemporiza finge dígito ao mínimo que antecipa. Ver mural formalístico linguístico humanístico ante contração digital dúbio-ternária, difusão apenas, e de pontualidade apenas, conosco ofertório da matéria lida.
Copo aberto à ponta-firma do timbre peregrino, filologia emergente naquele sul sem fonte, cabo de suel carregando outra estima. Refratário, sua persistência linhas, avatares cartoriais do ofício, enreda a minúcia, já não ele, donde stanza regional simbolista versus tez bestial da termodinâmica, fecundo problema, chove-não-molha – donde o grau de raiz. Até quando, os artistas parecem dizer, tropeçaremos? Hirtos, dividiriam trago epistolar e fetiche, defesa cincada e convidativa; muralhas a valer, dariam antes passos pela aldeia elevada. Esperam, hoje, porque compuseram mentalmente a avatarística metabólica da emergência ergonômica (Pallas), mas isto a que esperam, custa pouco e muito calor dizer, brota da água. Curvas outras de capins, longe, levadas graças às inclinações dos capins retíssimas vagalumes:
cabo de suel carregando outra estima. Outra inerentemente porque o alter Objeto constitui-nos protoolers. Logo, reduzo ontogenicamente Movimento; em fibras braçadas pragmáticas contraio para reduzir discurso; dedos frente a frente noite escolar e raio galáctico numinoso sorte deste sítio baralham; neste adensar manejaria o timbre vela e índole do vento; este vento modificado sopra à frente e nas poeiras passos pela décima vez ali ou novos já se animam; praticamente chegaram na nota maiêutica da mandala percorrida. Que todos nos espelhemos para realizar, então, arte sacral. Pirilampos da barreira, florilégios do pensar: a ferida ao curar-se criaria nova pele, seda em tecitura de carne e pedra, mapa esferográfico de pelos ou poeira do ar em tátil cântico, atmosférico.

Dentro, algo que estava por trás; por fora, a multicolorida e caótica fronde estala o ponto cuja onda – mas por quê? – lembra. Porque partem seminais à união fraterna do manejo, colhem água, diligentes, alças de maior balanço. As partes farão, reforço honrado, intacta imagem do todo: digno, cabível, Narciso apanhado esbatido, feito fisco, colecionador, fruta fresca na cabeça do palito. Riscada a linha, a face agora sina torcerá por que não tem: vermelho, por exemplo, a orar... por ares de milho verde.
Nostalgia enche de marcas e elas puxam a si o deslize untuoso e numinoso, têxtil, do pesar; um pêndulo mecânico marca, do mar, marmóreo tear e continente, intercaladas – prior da Vaga – fibras & corrente-onda, grafia agora pés daquele dia porque sinta, hoste célebre da cria, fingido Meu, da Curva Fria ao Vinco, classe estampa d'informática, ecoando, na volta, no logro de transbordo e passo outro desta loja, vezo de paiol na sacaria. Depois, um preço na balança e gire a Terra, indiscernível, a tratadística plástica das montas.
Nutre-se pois, o espírito da história, do passo cujo albergue ainda tange; feraz a bruta sola do passante, corado pão (um para cada peão), lustrosa a esferográfica da tática – eis em percalços o almoxarifado. Nos alvos da planilha pastoreiam avô de um, avó de outra, o pai do andarilho filho, de poeta ou professor pastoreiam thinkfluencer prosumer e o mind-up comic, irmão de quem diremos: entrasse novamente em minha casa, tabuleiro recheado, sulco da razão; de mais ampliada razão, mais pouso, e a casa era dele ou com ele; agora éramos lá, ele ombroso, saudoso, alcunha tamborilando por tangos se dóceis entre a força e o fraco da Onça, fome suscetível, que vibra, da rés tamanduá, da voz antiga.

O problema de receber Babel depois de Non-orientable Nkansa passa por testarmos a força de provadas alterações, como será costume entre nós reler diferentemente Castro Alves uma vez Cruz e Sousa lido. O útil da vivacidade fria do objeto brasileiro, se quisermos apensar à lição um caso* clariciano, teria tal e qual a inopinada sorte d'A maçã no escuro, cujo acuponto bondes torcerá, além de passageiros, uma vez lido seu póstero, A hora da estrela. Não que a obstrutiva conjunção ganense tire de Martin poder saber a beleza emulsiva das partes-tipo, como parece nostálgico a ele no romance de câmara, não que a terra afastada de nós, mesmo ela, se refaça quando sei partir, sem pena onde guardar sob ondas nossa fuga – o dom, imersa sonda, lembra o fundo dos tijolos do templo. Areias do tempo, massa sombreada, opressão; até onde iremos para relativizar a dor, eremitério do homem, estática do múltiplo, metempsicose penetrante, essência da razão?
De aspecto solitário, o totem passará a solidário; não só não se nos mura, como deixa contornar-se e abraça em cheio – Ondas, nêmesis de Gavetas – o tato auditivo em tessitura real e materialmente valiosa. A cada vez que o coração dum visitante bate com Babel à frente a estática elementar do 'programa' museológico se duas vezes torce; alcança gravar, no breu pátrio da experiência, nutrindo-se domínio o indiscernível múltiplo, fazendo cômoda a carga formal flanante. Nem atento, nem parado, simula o declínio do manejo da língua e do desespero do todo enquanto recruta, cada passo, avivado grau táctil, que busca o sutil mas grassa e rende do sincrônico.
Cruzar o espectro e visitar o ocre Non-orientable Nkansa cederá empuxo ao acolhimento desenganado da torre. Quando das gavetas hoje desengavetadas, imensa tranca de trancas, precária e próxima da micro-história dos passos que, um pouquinho todos os dias, fizeram-se mais ágeis e seguros, imagem quem sabe humilhante do fim do caminho – cera de afônica fuga –, voltarmos, tendo sido prosaicos gravadores do mudo e da íntima pétala em queda, sonho enternecido de um botão, à sala azul escura, este outro mundo a nós será pronúncia: escuta-se aqui o sonho da floração.
____________
* Conferir Apostilhaverelias (Prensa Casarosa, 2024).
fontes___________
A série analítica 'justaposições afrolatinas' aproxima e interpreta trabalhos apresentados em 'Latin american artists: from 1785 to now' e 'African artists: from 1882 to now', da Phaidon Press.



Usamos cookies para analisar o tráfego do site e otimizar sua experiência nele. Ao aceitar nosso uso de cookies, seus dados serão agregados com os dados de todos os demais usuários.